Para a América Latina prosperar na era digital, deve-se ensinar, primeiro, as mentes e, depois, ensinar as máquinas
A nossa convicção de que “tudo é possível”, combinada com tecnologias emergentes, tem o potencial de transformar a região em uma força motriz Image: Redd Angelo/Unsplash
A América Latina é uma região de gênios empreendedores. Temos o gene da inovação e com frequência convertemos desafios complexos em oportunidades de transformação e crescimento. Quando combinados com as tecnologias emergentes, essa convicção de que “tudo é possível” e o pensamento inovador têm o potencial de transformar a região em uma força motriz, reforçar as indústrias, oferecer empregos com significado e impactar a vida de muitas pessoas.
Este é o momento de agir. Já surgiram muitas tecnologias emergentes. A tecnologia é o maior agente de mudança no mundo moderno. Inteligência artificial, aprendizagem automatizada, sistemas conversacionais e a Internet das Coisas são uma realidade no mundo desenvolvido e estão permeando a América Latina e outras economias emergentes com rapidez.
Esse cenário está refletido no Índice de Evolução Digital 2017, como publicado na Harvard Business Review. Esse estudo analisa a situação e velocidade da evolução digital em 60 países.México, Colômbia, Brasil e Bolívia são considerados países da “zona de decolagem”, que estão em rápida evolução rumo à inovação generalizada impulsionada por tecnologias digitais, e o Chile é quase um dos países de primeira linha da “zona de destaque”, com elevadas pontuações em digitalização e inovação.
À medida que adentram nossos lares, empresas e governos, as novas tecnologias estão mudando a forma como interagimos e trabalhamos, apresentando novas oportunidades para a região crescer e desenvolver comunidades mais sólidas. As novas tecnologias podem ajudar indivíduos e organizações a aumentar sua eficiência e produzir resultados mais eficazes que se traduzam em maior produtividade e crescimento econômico. Contudo, para que isso aconteça, é crucial que primeiro se ofereça formação adequada para que as pessoas possam utilizar as tecnologias mais recentes da melhor forma possível e alcançar o seu pleno potencial.
A formação é o único caminho para construir um futuro em que a palavra “inteligente” não se aplique apenas a máquinas, mas continue a descrever a humanidade.
Com a devida formação, podemos enriquecer as mentes das pessoas em qualquer estágio da vida e muni-las com as aptidões necessárias para trabalhar com as tecnologias de automação, robótica ou qualquer forma de inteligência artificial com que se deparem no local de trabalho. Primeiro temos de ensinar as mentes e, depois, as máquinas.
O que isso significa para a América Latina, uma região que está pronta para a inovação, mas tem um profundo déficit educacional?
Um estudo recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) revelou que, apesar de um investimento médio de 5% do PIB na educação na América Latina (o que não destoa de outras regiões similares), apenas 30% das crianças no terceiro e quarto anos efetivamente satisfazem a referência mínima nas aptidões críticas necessárias da era digital, tais como a proficiência em matemática.
Há necessidade de intervenção em todos os níveis da educação. Seja no ensino fundamental, médio ou superior – que atualmente serve menos de 10% da população – precisamos ampliar os programas educacionais e equipar os alunos com as aptidões e ferramentas para que ninguém fique para trás. A preparação para os empregos altamente especializados do futuro próximo implica o ensino tanto de aptidões concretas como menos tangíveis.
Com a colaboração entre governos e empresas privadas para suprir o déficit educacional e capacitar a próxima geração de trabalhadores, também será necessário ter um enfoque crítico na recapacitação e no desenvolvimento de novas habilidades para um local de trabalho em transição contínua e baseado em tecnologias digitais.
Observamos que, para ter sucesso nas economias tecnologicamente avançadas de hoje, é necessário ter aptidões sólidas e adaptáveis. Também se considera que, até este momento, mais da metade das profissões conhecidas são fortes candidatas a automação parcial por meio da tecnologia. Isso tem implicações importantes para a força de trabalho, inclusive a necessidade de adotar a aprendizagem por toda a vida e a recapacitação constante das aptidões, a fim de que se mantenha flexível, relevante e produtiva. É essencial reinventar-se quando a carreira ou função para a qual a pessoa estudou ou se especializou deixa de existir.
Com as políticas e os programas certos na América Latina, podemos assegurar uma inovação eficaz e compensar os empregos deslocados, uma preocupação de muitos que estudam o impacto das novas tecnologias na força de trabalho. Há que se observar que, nas economias em desenvolvimento, como as da América Latina, o equilíbrio entre empregos perdidos e empregos gerados por mudanças transformadoras e tecnologias de automação na verdade parece ser favorável. O estudo “Jobs Lost, Jobs Gained”, do McKinsey Global Institute, prevê esse resultado favorável nas economias emergentes a curto e médio prazos, em decorrência da aceleração do crescimento da classe média.
Embora essas mudanças na força de trabalho sejam graduais (o McKinsey estima que, até 2030, entre 3% e 14% dos trabalhadores mundiais terão de mudar de categoria profissional, dependendo da rapidez da adoção da automação), o crescimento da tecnologia é sempre exponencial. Se esperarmos demais, não teremos tempo para recuperar o terreno. A América Latina tem a tendência de se adaptar a mudanças, o que é crítico e oferece uma oportunidade singular para promover um crescimento transformador e a produtividade por meio da adoção de novas tecnologias.
Diz-se com frequência que a inovação tecnológica da região está refletida no nível de empreendedorismo. A natureza empreendedora da América Latina está bem representada pelos múltiplos unicórnios e start-ups digitais bem-sucedidos que conquistaram relevância global.
Esses empreendedores e inovadores obstinados têm grandes oportunidades de criar e sustentar o impacto social na região por meio da tecnologia. Ao liderar com um propósito, podem ajudar a lidar com muitas das questões sociais mais prementes da região e contribuir para definir o futuro que queremos.
Contudo, adotar um novo pensamento social nesta nova era digital não se restringe aos empreendedores da região. É necessário promover liderança e participação, ensino e aprendizagem em todos os níveis da sociedade.
À medida que as novas tecnologias crescerem, ficarem mais “inteligentes” e assumirem os trabalhos mais repetitivos e pesados, teremos mais tempo para nos concentrarmos na inovação e termos mais consciência do nosso impacto e das contribuições que fazemos a nossas famílias, comunidades, cidades e municípios, países e região. O futuro da nossa região depende da capacitação dos nossos trabalhadores para que confiem na tecnologia e, ao mesmo tempo, apliquem aptidões cognitivas mais desenvolvidas para impulsionar o crescimento sustentável e dar início a um progresso social exponencial e sem precedentes.
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